I – HOMEM: CRIATURA À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
- Na sequência dos estudos sobre o livro de Gênesis, analisaremos hoje a criação do ser humano, que é mencionado no capítulo 1 e descrito pormenorizadamente no capítulo 2 do primeiro livro do Pentateuco.
- No relato da criação, no sexto dia, Moisés afirma que, depois da criação dos mamíferos, o Senhor faz como que uma pausa e, numa expressão totalmente distinta do que até então ocorrera, afirma: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn.1:26).
- Tem-se aqui uma clara demonstração de como o homem é distinto de todos os seres que existem sobre a face da Terra. Em vez de simplesmente mandar que o homem fosse feito, como ocorrera até aqui no relato da criação, em relação ao ser humano, houve, antes, uma deliberação divina para que tal criação se fizesse, onde, aliás, mais uma vez se mostra a “realidade plural” do único Deus, pelo uso do verbo “façamos”.
- Tal distinção mostra que o ser humano, ao contrário do que se está hoje a afirmar entre alguns cientistas, não é um ser que possa ser equiparado aos demais seres vivos criados sobre a face da Terra. Muito pelo contrário, Deus não Se limitou a falar, como fez em relação aos demais seres, para que o homem fosse criado, mas tomou a iniciativa de formar o ser humano, como fica bem descrito no capítulo 2 do livro de Gênesis.
- A propósito, é oportuno aqui observar que, no capítulo 1, há a menção da criação do homem ao término do sexto dia da criação, criação esta que é pormenorizada no capítulo 2, que é, assim, uma descrição de como a criação mencionada no capítulo 1 se deu. Isto é importante observarmos para que se tenha uma correta interpretação do texto sagrado.
- Por isso, não faz sentido algum dizer que o homem atual seria fruto da evolução de outras espécies de hominídeos, denominados de “homo erectus”, “homo neandertalenses” ou outras espécies de “pré-homens”. Já vimos, na lição anterior, que a ideia de evolução é totalmente alheia à verdade bíblica, quanto mais no que concerne à espécie humana. Os fósseis encontrados e que “hipoteticamente” seriam provas destas espécies nada provam por si sós: ou são fósseis de seres humanos ou de outras espécies que, embora semelhantes ao homem, homens não eram, de sorte que não há qualquer evidência de que o homem atual tenha sido “evolução” de outras espécies. A propósito, a ciência, recentemente, chegou à conclusão de que todos os homens descendem de um mesmo ancestral, que outro não é senão o primeiro casal descrito na Bíblia Sagrada.
OBS: Como afirma o pastor Ailton Muniz de Carvalho: “…Tudo isso é muito fácil de arquitetar, pois nomes são simplesmente nomes e fáceis de compor, o difícil é provar a existência dos seres aos quais os supostos grandes cientistas deram esses nomes. Para explicar a suposta evolução do homem, os críticos materialistas usaram o mesmo processo que usaram para o cavalo. Uma longa lista de nomes que pode mais ser um malabarismo etimológico do que qualquer outra coisa analítica. Com a ciência em pleno desenvolvimento, podemos, com o tempo, confirmar que isso tudo não passa de idealismo filosófico.…” (CARVALHO, Ailton Muniz de. Conheça-me: eu era como você, cheio de dúvidas!, p.154).
OBS: Como afirma o pastor Ailton Muniz de Carvalho: “…Tudo isso é muito fácil de arquitetar, pois nomes são simplesmente nomes e fáceis de compor, o difícil é provar a existência dos seres aos quais os supostos grandes cientistas deram esses nomes. Para explicar a suposta evolução do homem, os críticos materialistas usaram o mesmo processo que usaram para o cavalo. Uma longa lista de nomes que pode mais ser um malabarismo etimológico do que qualquer outra coisa analítica. Com a ciência em pleno desenvolvimento, podemos, com o tempo, confirmar que isso tudo não passa de idealismo filosófico.…” (CARVALHO, Ailton Muniz de. Conheça-me: eu era como você, cheio de dúvidas!, p.154).
- Como afirma Júlio Minham: “…Nisto de inventar nomes, os evolucionistas são verdadeiros peritos, métodos que aplicaram não só aos animais, mas também ao homem, o que, no fim, lhes resultou em grande confusão. Dizem que os seres evoluíram desde uma simples e microscópica ameba que depois de subir na escala geológica tornou-se um elegante símoio que poucos anos mais tarde se metamorfoseou em um homem inteligente. ‘Houve aproximadamente cento e vinte e cinco milhões de espécies sobre a superfície da terra durante o período que abrange a história da vida orgânica do planeta e, de acordo com Wassmann, a transmutação (evolucionista) de uma espécie intimamente relacionada com outra imediatamente superior ou subsequente, requereria pelo menos mil setecentos câmbios ou variações, comumente chamadas de elos, por conseguinte, temos cento e vinte e cinco milhões de espécies multiplicadas por mil e setecentas variedades, dando-nos o resultado aterrador de duzentos e doze bilhões e quinhentos milhões de formas definidas de vida que devem ter existido para transmutar a ameba em homem’ (Dr Rimmer, ‘The Theory of Evolution’, p.70). Que essa transmutação não é científica o prova o fato que o embrião humano passa somente por catorze períodos de mudança! Estas poucas mudanças do embrião nos deixam ver claro que a transmutação das espécies tem quatro abismos intransponíveis, porém, os evolucionistas não se detêm por tão pouca coisa. Os críticos sabem muito bem, e sempre o souberam, que nenhum dos símios atuais pode ser pai de um ser tão perfeito e tão inteligente como é o homem, e vendo-se diante de uma derrota fragorosa, antes de dar-se por vencidos, saíram a remexer a Terra à cata de fósseis aos quais foram dando os mais pomposos nomes (…). Não será significativo que, desde os alvores da história, ninguém tenha visto sair das selvas um animal híbrido, meio homem e meio macaco, ou macado-homem? A coisa nos parece clara, se, desde tanto tempo que admitem a existência do homem a evolução não conseguiu transformar um símio em HOMO SAPIENS, é porque nunca o conseguiu! Ou será que terminou já o período da Evolução? De maneira alguma, porque se tudo terminasse já de evoluir, conforme a teoria, não somente não deviam existir mais símios nas matas, também não deviam existir as formas inferiores de vida, todas as forma deviam ter alcançado o grau mais elevado na escala geológica.…” (As maravilhas da ciência. 5. ed., pp.68-9) (destaques originais).
- A deliberação divina era de que o homem fosse criado à imagem e semelhança de Deus, ou seja, ao contrário dos demais seres, o homem seria um “reflexo” de Deus, um ser que remeteria ao Criador de todas as coisas, um ser que “representaria” o Senhor sobre a face da Terra. O homem foi criado para ser um “mordomo”, ou seja, um servo que tivesse a supremacia sobre toda a criação terrena, um administrador de tudo quanto Deus criou sobre a face da Terra.
- É neste sentido, portanto, que se deve entender a expressão constante em Sl.115:16, quando o salmista afirma que o Senhor deu a terra aos filhos dos homens. Esta “doação” não implica em propriedade, mas, sim, em “administração”, pois a terra nunca deixou de pertencer a Deus (Sl.24:1). Isto é importante observar porque a “teologia da confissão positiva” tem disseminado o falso ensino de que Deus deu a terra ao homem e o homem a entregou a Satanás que, assim, seria, atualmente, “por legalidade”, o possuidor do planeta, o que, à evidência, não corresponde à realidade bíblica.
- Esta posição singular que assumiria o ser humano na ordem da criação fá-lo distinto de todos os demais seres, não podendo, pois, ter guarida o pensamento de que o homem é apenas “mais um ser vivo” que existe sobre a Terra. O homem foi criado para ser “imagem e semelhança de Deus” e nenhum outro ser tem esta prerrogativa, nem mesmo os anjos que, embora sejam superiores ao ser humano (Sl.8:5), não remetem ao Criador, não foram feitos à Sua imagem e semelhança.
- O homem foi feito à “imagem e semelhança de Deus” porque, em primeiro lugar, tem uma natureza tricotômica, pois é constituído de corpo, alma e espírito (Gn.2:7; I Ts.5:23). Esta tricotomia do homem remete à Triunidade Divina, pois, assim como Deus é um só, embora seja, simultaneamente, três Pessoas, o homem também é um, embora tenha três elementos, o que nenhum outro ser vivo é. Com efeito, os vegetais são apenas realidades físicas, enquanto os animais possuem corpo e alma (daí o nome “animal”, ou seja, aquele que é dotado de alma), alma esta, porém, que é perecível e se extingue com a vida física.
- O homem, no entanto, é tricotômico, como nos declara o texto sagrado, ao afirmar como Deus criou o ser humano. Em Gn.2:7, vemos que o homem foi formado por Deus do pó da terra e, neste pó da terra, vemos a criação do corpo humano. A ciência, aliás, tem demonstrado que o corpo humano é formado de todas as substâncias existentes na face da Terra. Todos os elementos químicos naturais, que se encontram na famosa Tabela Periódica, estão presentes no organismo humano, a nos mostrar que, realmente, o corpo humano é a síntese de tudo quanto há de material sobre a face da Terra.
- A palavra hebraica utilizada aqui para “formar” é “yatsar” (יצר), cujo significado é o de “moldar”, “modelar”, “dar uma forma”. Deus aqui, pessoalmente, encarrega-Se de dar um forma a este organismo material que seria parte deste ser singular que existiria sobre a face da Terra, um “modelo” que não era resultado de um simples pronunciar de Deus, mas de uma atividade Sua toda especial e até então não verificada na criação de todas as coisas.
- Como se não bastasse esta singularidade do homem em relação aos demais seres vivos terrenos, vemos, ainda, que Deus formou o homem do pó da terra, ou seja, não Se limitou a mandar que o homem fosse criado pelo poder da Sua Palavra, como fizera com tudo o que mais havia sido criado, a mostrar que o homem era distinto e um ser especial em relação aos demais, um ser que teria um propósito totalmente diferenciado.
- Deus não apenas formou o corpo humano do pó da terra, mas, diz-nos o texto bíblico, que também soprou em suas narinas, dando-lhe o fôlego de vida. Este “sopro” é o espírito do homem, aquele elemento que faria ligação entre Deus e o homem. O ser humano seria o único ser vivo terreno, o único ser dotado de matéria que teria um relacionamento com o seu Criador.
- É a presença deste espírito no ser humano que explica a presença, em todo ser humano, de uma ânsia pelo contato com o seu Criador, que dá ao homem uma dimensão que vai além da matéria, uma espiritualidade que está presente em todo e qualquer homem, como atestam os cientistas sociais, que, ao analisar todo e qualquer agrupamento social, toda e qualquer civilização, constata ali uma religiosidade, uma busca de sentido da vida que vai além da realidade material, que vai além da matéria.
- Verdade é que, no embrutecimento do homem em virtude do pecado, não faltaram aqueles que, ao longo da história da humanidade, tenham tentado reduzir a realidade ao material, tenham tentado negar a existência de uma dimensão espiritual. No entanto, ao postularem a inexistência de Deus ou de uma realidade espiritual, estão apenas a confirmar que a dimensão espiritual é e sempre será fruto da especulação humana.
- Mas não houve apenas a criação do espírito no homem. Em Gn.2:7 é dito que o homem foi feito “alma vivente”, a nos mostrar que, além do espírito, o homem também foi dotado de uma alma vivente, ou seja, de uma personalidade própria, com intelecto, sensibilidade e vontade, que o distinguia de todos os demais seres sobre a face da Terra. Esta alma, ademais, ao contrário dos outros animais, seria “vivente”, ou seja, teria vida para sempre, seria imortal.
- Mas a imagem e semelhança de Deus não se limita à estrutura tricotômica do homem. O homem, por ser dotado de intelecto, sentimento e vontade, seria, também, a exemplo de Deus, um ser moral.
- Ao vermos o Senhor pôr o ser humano no jardim que havia formado no Éden, vemos que o homem foi dotado de capacidade de discernir entre o certo e o errado, pois lhe foi dito que não deveria comer da árvore da ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17), a demonstrar, portanto, que tinha vontade própria, o chamado livre-arbítrio.
- Por ser dotado de vontade, de livre-arbítrio, o homem se constitui no único ser moral da face da Terra, pois, além dele, somente Deus e os anjos são seres morais, capazes de discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.
- Não é à toa, aliás, como veremos infra, que o Senhor não só criou o mundo físico como também, por causa do homem, criou também um mundo moral, um mundo ético, tendo em vista a moralidade que faz do homem, também por este aspecto, imagem e semelhança de Deus.
- Um terceiro aspecto da imagem e semelhança de Deus diz respeito ao papel de administrador que teria o homem em relação à criação terrena. O homem foi criado para “dominar” sobre a criação terrena e, neste domínio, seria semelhante a Deus, que é o Senhor de todas as coisas.
- Um quarto aspecto da imagem e semelhança de Deus diz respeito ao fato de que o homem foi criado para trabalhar. Quando o Senhor pôs o homem no jardim do Éden, disse que ele deveria lavrá-lo e guardá-lo (Gn.2:15), ou seja, deveria ser um ser trabalhador, a exemplo do próprio Deus, que exsurge no texto bíblico trabalhando, criando os céus e a Terra. Cristo Jesus diria, ao revelar completamente a divindade, que Deus é um ser trabalhador (Jo.5:17).
- Vemos, pois, que, logo na deliberação divina para a criação do ser humano, temos aqui um ser distinto, totalmente diferente dos demais que haviam sido criados sobre a face da Terra.
LIÇÃO Nº 3 – E DEUS OS CRIOU HOMEM E MULHER - Parte III
LIÇÃO Nº 3 – E DEUS OS CRIOU HOMEM E MULHER - Parte IIII