EBD - Escola Dominical | Lição 06 - A verdadeira fé não faz acepção de pessoas

EBD - Escola Dominical | Lição 06 - A verdadeira fé não faz acepção de pessoas
I – RECEBEMOS A FÉ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
- Na sequência do estudo da epístola universal de Tiago, passaremos a estudar o início do capítulo dois,
quando o irmão do Senhor volta a falar a respeito da acepção de pessoas, que deve ser evitada por todo e
qualquer servo de Cristo Jesus.
- Depois de ter mostrado que a religião pura e imaculada para com Deus, o Pai envolve o cumprimento do
mandamento de Cristo, ou seja, que devemos nos amar uns aos outros como Jesus nos amou, o que representa, a um só tempo, amar a Deus e amar ao próximo, Tiago revela uma peculiaridade que deve nortear a expressão da fé que temos em Jesus: a não acepção de pessoas.
- Com efeito, o irmão do Senhor pede aos “irmãos” que não tivessem a fé de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Senhor da glória, em acepção de pessoas (Tg.2:1).
- Por primeiro, é importante aqui verificar que, mais uma vez em sua epístola, Tiago chama os demais servos do Senhor de “irmãos”. É este o tratamento que Tiago dá aos destinatários da sua carta, desde o início,
quando, ao se dirigir a eles, pela vez primeira, chama-os de “meus irmãos” (Tg.1:2).
- Tiago tem, assim, plena consciência de que o salvo na pessoa de Cristo é “filho de Deus” e que, portanto,
tem a Deus como Pai, como o próprio Tiago deixa bem claro ao longo de sua epístola, denominando Deus de “Pai das luzes” (Tg.1:17) e dizendo que a nossa religião nos liga a “Deus, o Pai” (Tg.1:27).
- Ora, se cada salvo é “filho de Deus” (Jo.1:12) e temos todos o mesmo Pai, tem-se a lógica e inevitável
conclusão de que todos somos “irmãos”, sendo, pois, esta a qualificação que se deve dar a todos quantos
pertencem ao corpo de Cristo, à igreja do Senhor Jesus.
- Desde o início de sua carta, portanto, Tiago se apresenta sob duplo aspecto: como “servo de Deus e do
Senhor Jesus Cristo” (Tg.1:1) e como irmão dos demais salvos (Tg.1:2). É esta a verdadeira perspectiva
que devemos ter em nossa vida cristã enquanto estivermos nesta peregrinação terrena: servo de Deus e irmão dos salvos.
- Tal perspectiva tem se perdido ao longo dos anos entre muitos que cristãos se dizem ser. Jamais devemos
perder de vista que, diante de Deus, somos servos, ou seja, não temos vontade própria, não nos incumbe fazer outra coisa senão obedecer ao que o Senhor nos manda fazer, devemos estar prontos não só a obedecer-Lhe mas a prestar-Lhe contas.
- Simultaneamente, temos de ter consciência de que somos irmãos dos demais que creram em Cristo Jesus
como Senhor e Salvador e, deste modo, devemos nos comportar com relação aos demais salvos com amor, com espírito familiar, procurando nos unir a eles e ajudá-los, de forma que todos nós consigamos chegar ao
encontro do Senhor naquele dia.
- É extremamente honroso sermos irmãos dos demais salvos, pois isto revela que temos uma condição
extremamente privilegiada, uma posição que não merecíamos, já que esta filiação divina, que nos faz irmãos
dos demais salvos, é uma manifestação da graça de Deus, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4).
- Como se isto fosse pouco, temos a constatação que o único que poderia se envergonhar desta condição, visto que, para Se fazer nosso irmão, passou por um processo singular de humilhação (Fp.2:5-8), não o faz, mas, antes, como afirma o escritor aos hebreus, não Se envergonha de Se chamar nosso irmão, a saber, o Senhor Jesus Cristo (Hb.2:11).
- Por isso, causa-nos muita estranheza que, nos últimos anos, tenha se perdido, entre nós, o salutar costume de nos chamarmos irmãos, independentemente da função eclesiástica que se exercia. Era muito comum, em nossa infância e adolescência, chamarmos de “irmãos” indistintamente a todos os salvos, não importando que função a pessoa exercesse na casa do Senhor. Assim, aliás, eram chamados os principais líderes de nossa denominação. Hoje em dia, entretanto, já há aqueles que, se forem chamados de “irmãos” em vez de
“pastores”, “presbíteros”, “presidentes” etc. se ofendem e, pior do que isto, são tidos como tendo razão por parte de boa parte dos “irmãos”. Voltemos à Bíblia, amados irmãos!
- É, ainda, muito elucidativo que Tiago se dirija aos salvos como “irmãos”. Ele era o meio-irmão mais velho
de Jesus, pois, todas as vezes que o texto sagrado menciona os meio-irmãos de Cristo, Tiago é sempre o
primeiro da lista (Mt.13:55; Mc.6:3). Assim, Tiago que tinha um parentesco biológico com o Senhor Jesus, ao chamar os demais salvos de “irmãos”, mostra, claramente, que se considerava um igual com os demais, não levando em conta a sua condição biológica.
- Ao chamar os demais salvos de “irmãos” (e lembramos que Tiago se dirige às “doze tribos dispersas”, o que, conforme vimos no início do trimestre, tratava-se de uma expressão que abarcava toda a Igreja), Tiago como que está a demonstrar, na prática, que fazia aquilo que estaria a ensinar os demais cristãos, ou seja, a que não tivesse a fé de Nosso Senhor Jesus Cristo em acepção de pessoas.
- Mas, além de chamar os demais salvos de irmãos, Tiago nos revela que todos os salvos tinham a fé de
nosso Senhor Jesus Cristo. Vemos aqui, uma vez mais, que não há qualquer contradição entre Tiago e Paulo. O irmão do Senhor parte do pressuposto de que, para ser filho de Deus, é preciso ter “a fé de Nosso Senhor Jesus Cristo”, exatamente como o apóstolo dos gentios afirma em várias passagens, notadamente na sua carta aos romanos.
- Paulo, ao se dirigir aos crentes de Roma, inicia dizendo que dava graças a Deus porque, em todo o mundo, era anunciada a fé deles (Rm.1:8), o que, aliás, também menciona com relação aos crentes de Tessalônica, para quem escreveu a sua primeira carta (I Ts.1:8).
- Trata-se, portanto, de uma nota característica de todo salvo em Cristo Jesus a demonstração da sua fé,
fé esta que não é propriamente nossa, mas que provém de Cristo, daí porque ser chamada de “fé de Nosso
Senhor Jesus Cristo” por Tiago. Esta fé não provém de nós mesmos, mas é um dom de Deus (Ef.2:8), algo que nos advém pelo ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17).
- Bem se vê, portanto, que está fé de que está a falar Tiago não é o “pensamento positivo”, a “determinação” que os falsos pregadores da teologia da confissão positiva vêm alardeando por aí, pois não resulta da nossa vontade, não é fruto de nossos desejos e caprichos, mas, sim, algo que provém de Deus, algo que provém da Sua Palavra que, em nós, produz vida.

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Cristãos e muçulmanos

Cristãos e muçulmanos
Estamos acostumados a ouvir notícias sobre o relacionamento hostil entre palestinos e judeus em Israel. Vez por outra, também tomamos conhecimento de violentos choques entre muçulmanos e adeptos do hinduísmo e de outras religiões na Índia e em outros países asiáticos. Todavia, mais antigo e mais pleno de conseqüências para o mundo tem sido o relacionamento tenso — por vezes abertamente belicoso — entre cristãos e muçulmanos há quase 1.400 anos. Os recentes atentados terroristas nos Estados Unidos, as ações militares norte-americanas no Afeganistão e as iradas manifestações de muçulmanos em muitos países constituem mais um capítulo dessa longa história de conflitos.



O advento do islamismo

O islamismo, ou islã, foi fundado pelo mercador árabe Maomé (Muhammad, c.570-632) no início do século 7º da era cristã. Essa que é a mais recente das grandes religiões mundiais sofreu influências tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas ao mesmo tempo opôs-se firmemente a ambos, alegando ser a revelação final de Deus (Alá). O livro sagrado do islamismo, o Corão (Qur‘an), teria sido revelado pelo próprio Deus a Maomé, o último e maior dos profetas. A idéia básica do islamismo está contida no seu nome — islã significa “submissão” plena à vontade de Alá e “muçulmano” é aquele que se submete. Os preceitos centrais dessa religião incluem a recitação diária de uma confissão (“Não existe deus senão Alá e Maomé é o seu profeta”), bem como a prática da caridade e do jejum, sendo este último especialmente importante durante o dia no mês sagrado de Ramadã. O culto é regulado de maneira estrita. Os fiéis devem orar cinco vezes ao dia, de preferência em uma mesquita ou então sobre um tapete, sempre voltados para Meca, a cidade sagrada do islã, na Arábia Saudita. Nas sextas-feiras realizam-se cerimônias especiais. A peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida também é uma prática altamente valorizada.

Desde o início o islamismo foi uma religião aguerrida e militante, marcada por intenso fervor missionário. Um conceito importante é o de jihad, ou seja, o esforço em prol da expansão do islã por todo o mundo. Esse esforço muitas vezes adquiriu a conotação de guerra santa, como aconteceu de maneira especial no primeiro século após a morte de Maomé, em 632. Movidos por um profundo zelo pela nova fé, os exércitos muçulmanos conquistaram sucessivamente a península da Arábia, a Síria, a Palestina, o Império Persa, o Egito e todo o norte da África. Nesse processo, o cristianismo foi enfraque-cido ou aniquilado em muitas regiões onde havia sido extrema-mente próspero nos primeiros séculos. Lugares como Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Cartago, onde viveram os pais da igreja Orígenes, Cipriano, Tertuliano e Agostinho, foram permanentemente perdidos pelos cristãos. Em 674, os muçulmanos lançaram os seus primeiros ataques contra Constantinopla, a grande capital cristã do Império Bizantino.

No ano 711, os mouros atravessaram o estreito de Gibraltar sob o comando de Tarik (daí Gibraltar, isto é, “a rocha de Tarik”) e invadiram a Península Ibérica, ocupando a maior parte do território espanhol. Em seguida, atravessaram os Pirineus e penetraram na França, mas foram finalmente derrotados por um exército cristão comandado por Carlos Martelo, o avô de Carlos Magno, na batalha de Tours, em Poitiers, no ano 732. É verdade que, tanto no Oriente Médio e no norte da África quanto na Península Ibérica, os sarracenos foram relativamente tolerantes com os cristãos e os judeus. Eles geralmente não eram forçados a se converterem ao islamismo, mas tinham de pagar um imposto caso não o fizessem. Em todas essas regiões, muitos acabaram aderindo à nova religião. Em diversas áreas que conquistaram, os seguidores de Maomé criaram grandes centros de civilização, como foi o caso de Bagdá, o Cairo e a Espanha. O Califado de Córdova foi marcado por notável prosperidade, destacando-se por sua belíssima arquitetura, seus elaborados arabescos, seus avanços nas ciências, literatura e filosofia. 



As cruzadas

O avanço islâmico teve profundas repercussões para o cristianismo. Como vimos, a igreja oriental ou bizantina foi seriamente enfraquecida, tendo perdido algumas de suas regiões mais prósperas. A igreja ocidental ou romana voltou-se mais para o norte da Europa. Com isso, o cristianismo tornou-se mais europeu e menos asiático ou africano. Também foi acelerado o processo de separação entre as igrejas grega e latina. Outro problema para os cristãos foi a mudança da sua postura com relação à guerra e ao uso da força. Desde o início, os cristãos tinham aprendido de Cristo e dos apóstolos a prática do amor e da tolerância no relacionamento com o próximo. Agora, num mundo cada vez mais hostil à sua fé, eles acabaram abandonando muitos de seus antigos valores e passaram a elaborar toda uma série de justificativas filosóficas e teológicas para legitimar a violência em certas situações. Esse processo havia se iniciado com a aproximação entre a Igreja e o Estado a partir do imperador Constantino, no quarto século, tendo se intensificado nos séculos seguintes. Num primeiro momento legitimou-se o uso da força contra grupos cristãos dissidentes ou heréticos, como os arianos e os donatistas. Séculos mais tarde, os cristãos haveriam de articular a sua própria versão de guerra santa, dirigindo-a principalmente contra os muçulmanos.

A maior, mais prolongada e mais sangrenta confrontação entre cristãos e islamitas foram as famosas Cruzadas, que se estenderam por quase duzentos anos (1096-1291). Antes disso, a cristandade já havia começado a lutar contra os muçulmanos na Espanha, o que ficou conhecido como a Reconquista, intensificada a partir de 1002 com a extinção do califado de Córdova. Desenvolveu-se, assim, a partir da Península Ibérica, uma forma de catolicismo agressivo e militante, que haveria de estender-se para outras partes do continente. As cruzadas foram um fenômeno complexo cuja causa inicial foi a impossibilidade de acesso dos peregrinos cristãos aos lugares sagrados do cristianismo na Palestina. Por vários séculos, os árabes haviam permitido, salvo em breves intervalos, as peregrinações cristãs a Jerusalém, e estas haviam crescido continuamente. Todavia, a situação mudou quando os turcos seljúcidas, a partir de 1071, conquistaram boa parte da Ásia Menor e, em 1079, a cidade de Jerusalém, fazendo cessar as peregrinações. Com isso surgiu na Europa um clamor pela libertação da Terra Santa das mãos dos “infiéis”.

A primeira cruzada foi pregada pelo papa Urbano II, em Clermont, na França, em 1095, sob o lema “Deus vult” (Deus o quer). Depois de uma horrível carnificina contra os habitantes muçulmanos, judeus e cristãos de Jerusalém, os cruzados implantaram naquela cidade e região um reino cristão que não chegou a durar um século (1099-1187). A quarta cruzada foi particularmente desastrosa em seus efeitos, porque se voltou contra a grande e antiga cidade cristã de Constantinopla, que foi brutalmente saqueada em 1204. A oitava cruzada encerrou essa série de campanhas militares que trouxe alguns benefícios, como o maior intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente e a introdução de inventos e novas idéias na Europa, mas teve efeitos adversos ainda mais profundos, aumentando o fosso entre as igrejas latina e grega e gerando enorme ressentimento dos muçulmanos contra o Ocidente cristão, ressentimento esse que persiste até os nossos dias.



A reconquista

É verdade que alguns cristãos daquele período tiveram uma atitude mais construtiva em relação aos islamitas, procurando ir ao seu encontro com o evangelho, e não com a espada. Tal foi o caso de alguns dos primeiros membros das novas ordens religiosas surgidas no início do século 13, os franciscanos e os dominicanos. O mais célebre missionário aos muçulmanos foi o franciscano Raimundo Lull (c.1232-1315), de Palma de Majorca, que fez diversas viagens a Túnis e à Argélia. Todavia, o espírito predominante do período foi o de beligerância não só contra os muçulmanos, mas mesmo contra grupos cristãos dissidentes, como foi o caso dos cátaros ou albigenses, no sul da França, aniquilados por uma cruzada entre 1209 e 1229. Também data dessa época o estabelecimento da temida Inquisição. Na Espanha, a Reconquista tomou ímpeto no século 13 e a partir de 1248 os mouros somente controlaram o reino de Granada. Nos séculos 12 e 13, nesse contexto de luta contra os mouros, houve o surgimento de Portugal como um reino independente. 

O reino de Granada foi finalmente conquistado pelos reis católicos Fernando e Isabel em 1492, o mesmo ano do descobrimento da América. Após um período inicial de tolerância, foi lançada contra os mouros uma campanha de terror visando forçar a sua conversão e finalmente, em 1502, todos os muçulmanos acima de 14 anos que não aceitaram o batismo foram expulsos, assim como havia acontecido com os judeus dez anos antes. Sob a liderança de Tomás de Torquemada, a Inquisição espanhola, organizada em 1478, voltou-se de maneira especial contra os mouriscos e os marranos (muçulmanos e judeus convertidos ao cristianismo) acusados de conversão insincera. 

Ao mesmo tempo em que o islamismo sofria essas pesadas perdas na Península Ibérica, obtinha estrondosos sucessos no Oriente Médio e na Europa oriental. Um novo poder islâmico, os turcos otomanos vindos da Ásia Central, depois de se estabelecerem firmemente na Ásia Menor, invadiram em 1354 a parte européia do Império Bizantino, gradualmente estendendo o seu domínio sobre os Bálcãs, em regiões que estiveram ainda recentemente nos noticiários (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Albânia). Em 1453, eles tomaram Constantinopla (hoje Istambul), selando o fim do antigo Império Romano oriental e impondo novas e pesadas perdas à Igreja Ortodoxa. Nos séculos 16 e 17, os exércitos turcos haveriam de cercar por duas vezes Viena, a capital da Áustria (1529 e 1683).



Os dois últimos séculos

Um período especialmente humilhante para os muçulmanos diante do Ocidente cristão foi o colonialismo dos séculos 19 e 20, em que virtualmente todas as regiões islâmicas do Oriente Médio e do norte da África ficaram sob o domínio de países europeus como a França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha. Até o início do século 19, aquelas regiões haviam sido parte do vasto Império Otomano, com sua capital em Istambul. Com o colonialismo, chegaram os missionários, tanto católicos como protestantes, com suas igrejas, escolas e hospitais. Após a Primeira Guerra Mundial, à medida que as novas nações árabes foram alcançando a sua independência, houve o crescimento do sentimento nacionalista e a reafirmação dos valores islâmicos. Ao mesmo tempo, o islamismo há muito havia ultrapassado os limites do mundo árabe, tendo alcançado, além dos persas e dos turcos, muitos outros povos na África e na Ásia, chegando até a Indonésia, hoje a maior de todas as nações muçulmanas, com mais de 100 milhões de habitantes. Em muitas dessas nações, árabes ou não, a presença de populações cristãs tem produzido graves conflitos entre os dois grupos, como aconteceu ainda recentemente na Indonésia. Um acontecimento pouco divulgado foi o pavoroso genocídio promovido pelos turcos contra os armênios cristãos no início do século 20.

Outro evento que acabou por gerar nova animosidade entre os países muçulmanos e o Ocidente cristão foi a criação do Estado de Israel, em 1948, e a percepção de que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, apóia incondicionalmente o estado judeu em sua luta contra os palestinos e outros povos árabes. Dois novos ingredientes nessa luta foram o súbito enriquecimento de algumas nações árabes com a exploração do petróleo e o surgimento do fundamentalismo militante entre os xiitas, uma antiga facção islâmica minoritária ao lado da maioria sunita. A militância islâmica tem gerado várias revoluções e o surgimento de regimes islâmicos, como aconteceu há alguns anos no Irã. Além do apoio do Estados Unidos a Israel, os fundamentalistas se ressentem da presença de tropas americanas na Arábia Saudita, o berço do islã, e da influência cultural do Ocidente nos seus respectivos países, vista como danosa para a sua fé e seus valores tradicionais. 

Neste início do século 21, o islamismo representa o maior desafio para o cristianismo, em diversos sentidos. Como um dos “povos do livro” (expressão aplicada aos judeus e cristãos, visto serem mencionados no Corão), os cristãos precisam reconhecer os muitos erros cometidos contra os muçulmanos ao longo da história e renovar a sua determinação de contribuir para o bem-estar político, social e espiritual dos seguidores de Maomé.




Alderi Souza de Matos, ministro presbiteriano, é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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Israel e os missionários cristãos...

Israel e os missionários cristãos...

É melhor para Israel que todos os missionários cristãos voltem para casa

O judeu messiânico Joseph Baruch Shulam é taxativo: Os missionários cristãos em Israel têm usado métodos não-éticos e não-bíblicos para atrair pessoas para suas congregações. Além disso, a estratégia de ajudar judeus a emigrarem e então evangelizá-los é uma velha tática missionária que não funciona e não é honesta: é um programa com propósitos escondidos. Nascido em Sofia, Bulgária, em 1962, circuncidado ao oitavo dia e levado pelos pais para Israel menos de 2 anos depois, Shulam tornou-se discípulo de Jesus aos 16 anos, depois de ter lido vários livros sobre o cristianismo para fazer um trabalho escolar. Casado com Marcia Saunders Shulam, pai de dois filhos e autor de dois volumosos comentários bíblicos, o de Romanos, com 500 páginas (The Jewish Roots of Romans) e o de Atos, com 1.600 páginas (The Jewish Roots of Acts), o notável estudioso da Bíblia (já leu o Novo Testamento centenas de vezes) vive em Jerusalém e é o responsável pela Congregação Roeh Israel. Seu campo de trabalho abrange vários países (Finlândia, Rússia, EUA, Japão, Coréia do Sul etc.) e inclui o Brasil, onde esteve no final de fevereiro. A presente entrevista foi feita pelo correio eletrônico, quando Shulam estava em Curitiba.



Ultimato - Parece que o termo “sionismo” foi usado pela primeira vez em 1893, há 111 anos. O que ele significa precisamente?

Shulam - O povo judeu tem estado no exílio desde a destruição do templo em Jerusalém no ano 70 d.C. Durante a maior parte desse tempo, os judeus foram perseguidos, expulsos de seus países pelos tiranos e reis em toda a Europa, Rússia e até mesmo na América do Sul. A Inquisição Espanhola perseguiu-os pelo mundo todo. Até o fim do século 19, eles não tinham esperança de poder voltar à sua pátria, que Deus dera a Abraão, Isaque e Jacó, e a todos os seus descendentes. Mas, como resultado de brutais perseguições e injustiças da Revolução Francesa, os judeus sentiram que o peso do jugo do exílio já era demasiado para suportar. Vários judeus, como Theodoro Herzl, queriam pôr um fim a essa longa “Via Dolorosa” de sofrimento. Ele pretendia a sua emancipação, constituindo o seu próprio Estado. Chama-se sionismo por causa do desejo de verem as profecias em relação a Sião serem cumpridas.



Ultimato - O sionismo de Theodoro Herzl é o mesmo “sionismo espiritual” de Asher Guinzberg?

Shulam - O sionismo de Theodoro Herzl basicamente terminou com o estabelecimento do Estado Judeu. Estamos vivendo agora uma era pós-sionista. Atualmente os antigos sionistas estão buscando uma nova identidade. Na minha opinião, o novo sionismo deverá incluir não somente os judeus, mas também os cristãos que crêem no cumprimento das promessas proféticas em relação a Israel. Estas se encontram incluídas nas palavras de Isaías como uma parte da reedificação, do retorno e da reivindicação da herança espiritual de Israel, que é uma parte essencial da identidade, do caráter e o do futuro do Corpo de Yeshua, o Messias. O sionismo deve ser espiritual e não somente físico. Já cumprimos a parte física, voltando à terra que Deus deu a Abraão. A dificuldade é agora reivindicar a nossa herança espiritual que, sem sombra de dúvida, inclui Yeshua como o nosso Messias.



Ultimato - Quem são os judeus messiânicos?

Shulam - Os judeus messiânicos são, em primeiro lugar, judeus. Ninguém pode ser um judeu messiânico, sem ser primeiramente judeu. Muitos de nossos irmãos no Brasil e nos Estados Unidos ainda não aprenderam isso. Existem muitos indivíduos que não são judeus, mas querem ser judeus messiânicos — e isso não funciona. É o mesmo que tentar fazer canja de galinha sem a galinha! Porém, se alguém é judeu e crê que Jesus é o Messias, e não abandonou a sua identidade judaica, então ele é um judeu messiânico. Significa que ele é um judeu que tem Yeshua como seu Senhor, seu Mestre e Salvador.



Ultimato - Como o senhor se tornou judeu messiânico?

Shulam - Em primeiro lugar, nasci judeu, filho de pais judeus, fui circuncidado no oitavo dia e meus pais me levaram para Israel quando eu tinha menos de 2 anos. Nada fiz para me tornar judeu. Em segundo lugar, quando me tornei um discípulo de Yeshua Ha Mashiach, em 1962, fui batizado e recebi o Espírito Santo. Deus acrescentou-me à sua Igreja, ou seja, tornei-me um discípulo de Jesus. O processo de minha conversão começou quando um professor, que não é crente, pediu-me para escrever um trabalho sobre o cristianismo, e eu tive de ler muitas obras a esse respeito. Foi isso o que deu realmente início à minha busca pessoal, até que encontrei Jesus, ou, melhor, Jesus me encontrou!



Ultimato - Como o senhor vê a conversão de Paulo?

Shulam - Bem, passei anos estudando Paulo e escrevendo livros sobre Paulo, e agora mesmo estou escrevendo um comentário sobre o livro de Gálatas. Portanto, eu poderia falar bastante sobre Paulo. Ele era um rabino judeu altamente instruído e culto; um membro do governo com autoridade diplomática — de outro modo, não teria sido enviado pelo sumo sacerdote a um país estrangeiro, com ordens de extraditar um judeu crente e trazê-lo para a terra de Israel. Paulo era uma pessoa com total dedicação que tinha “status” oficial. Na estrada de Damasco, o Senhor concedeu-lhe graça especial, aparecendo para ele, mas esta não foi a conversão real do apóstolo Paulo, ao contrário do que muitos pensam. Se lermos Atos 22.10-16, veremos que Paulo converteu-se depois que Ananias lhe pregou o evangelho, depois que seus olhos foram curados da cegueira e as escamas caíram, depois de ter sido batizado e ter tido seus pecados perdoados. Yeshua não disse: “Converta-se, faça uma pequena oração e vá cumprir sua missão”. Ele teve de ouvir o evangelho, arrepender-se, ser batizado e instruído.



Ultimato - Como o senhor interpreta as palavras de Paulo aos Romanos, segundo as quais o endurecimento de Israel não é definitivo e, ao chegar a plenitude dos gentios, “todo o Israel será salvo” (Rm 11.25-32)?

Shulam - Paulo tem uma teologia muito interessante a respeito do relacionamento entre os judeus e os gentios, e ele diz algo chocante para a maioria das pessoas. Já li o Novo Testamento centenas de vezes. Entendo que os gentios foram incluídos no reino de Deus com o propósito de provocar o ciúme dos judeus. Em outras palavras, a missão da igreja gentia, de acordo com o apóstolo para os gentios, é a de provocar o ciúme dos judeus. Paulo baseia-se em Deuteronômio 32.17-21, em que Moisés profetizou que isto é o que Deus iria fazer. Visto que eles o provocaram com sua idolatria, Deus usará os próprios gentios para provocarem os judeus a voltarem para Ele. Paulo diz que, embora os ramos tenham sido cortados da oliveira, Deus tem a capacidade de enxertá-los novamente “e assim todo o Israel será salvo” (Rm 11.26). Não há dúvidas a respeito disso!



Ultimato - O Holocausto contribuiu para amolecer o endurecimento de Israel?

Shulam - Esta é uma pergunta difícil. Eu não sei. Não sei se Deus usou o Holocausto para endurecer ou amolecer o coração dos judeus. Não sei o que teria acontecido se não tivesse havido o Holocausto. Nasci depois do Holocausto. Minha irmã nasceu antes e meus pais tiveram de passar por ele. Portanto, sou de uma segunda geração de sobreviventes do Holocausto. Eu penso que ele não ajudou em nada. Na realidade, foi um dano e um instrumento do Diabo para afastar o povo judeu para mais longe ainda da cruz e de Yeshua. Claro, houve algumas pessoas que se tornaram crentes durante o Holocausto, mas a maior parte do povo judeu endureceu o coração ainda mais. Os alemães eram os assim chamados cristãos; eles iam à igreja aos domingos. Quando os soldados da Wehrmacht e os oficiais nazistas levantavam-se pela manhã, antes de saírem para executarem sua missão, eram abençoados pelo capelão do campo de extermínio, que era luterano, um pastor evangélico! Assim, acho que o Holocausto nada fez de bom para o povo judeu.



Ultimato - O senhor aguarda o segundo advento de Jesus em poder e muita glória? Quando se dará a parúsia?

Shulam - Sim! Espero por isso hoje! Espero que seja agora! Mas, se não for hoje, estarei feliz em recebê-lo em qualquer tempo em que Ele venha! Quanto mais depressa Ele vier, melhor! Mas ninguém sabe o dia, a época e a hora, nem mesmo o próprio Jesus. Se aparece por aí algum pastor e afirma que sabe, então ele sabe mais do que Jesus — por isso deveria ser considerado um falso profeta!



Ultimato - Sabemos que há liberdade de culto em Israel. Pode-se dizer o mesmo quanto à liberdade de proclamação do evangelho?

Shulam - O Estado de Israel não persegue os crentes em Israel, não persegue os cristãos em Israel nem os muçulmanos. É muito liberal e dá a todos o direito de acreditar no que quiserem. O problema é que eles interpretam “liberdade religiosa” de um modo diferente. Em Israel, as pessoas não têm o direito de exercer pressão ou convencer alguém para mudar a sua crença, usando suborno, coerção ou aproveitando-se da fraqueza alheia. Concordo 100% com isso. Acho que o cristianismo é uma fé, e não uma religião. Portanto, uma pessoa somente pode tornar-se um crente se crer, ouvir o evangelho, estudar e conhecer a Jesus — e não por darmos alimentos, roupas ou qualquer outro bem material. A idéia de ajudar os judeus a emigrarem e então evangelizá-los é uma velha tática missionária que não funcionou e jamais funcionará. É um programa com propósitos escondidos; não é honesto.



Ultimato - Israel precisa de missionários cristãos?

Shulam - Não acho que Israel precisa de missionários cristãos. Acho que seria melhor para Israel se todos os missionários cristãos voltassem para casa. Por quê?

1) Eles trazem consigo denominações, o que causa divisões — no Brasil, nos Estados Unidos e onde quer que seja. Os pentecostais e os carismáticos acham que os batistas não são salvos. E é assim. Agora, Deus está restaurando e trazendo o povo judeu de volta à sua terra. Então, precisamos de mais divisão ou de mais unidade? Estamos vindo dos mais diversos países, línguas, cores, para nos reunirmos na terra de Israel — as profecias dizem isso também. Deus nos dará um Pastor e fará de nós um só povo. Jeremias e Ezequiel o afirmam claramente. Como poderemos nos tornar um só povo sob um só Pastor se nos tornarmos presbiterianos, católicos, pentecostais, todos brigando uns com os outros?

2) Os missionários cristãos em Israel têm usado métodos não-éticos e não-bíblicos para atrair pessoas para as suas congregações. Eles buscam os fracos e os pobres, e não os educam. Eles têm usado meios materiais para pressioná-los a se tornar membros de suas igrejas, e isso não é bom.

3) Creio que o povo judeu será capaz de apresentar Jesus, o Messias, muito melhor sozinho, pois sinto que Jesus precisa tornar-se uma palavra familiar para o povo judeu, sem misturar os gentios nesse quadro. Na história de José, quando ele quis revelar sua identidade a seus irmãos, pediu aos egípcios que saíssem: “Quero ficar sozinho com meus irmãos”. Acho que isso acontecerá no final: Jesus vai revelar-se ao povo judeu dentro de um contexto judaico, sem interferência das denominações cristãs.

Todos nós apreciamos o que os missionários têm feito. A maioria dos crentes judeus da minha geração tornou-se crente por meio de um missionário cristão, um pastor ou uma pessoa cristã, o que apreciamos. Mas agora já amadurecemos. Entretanto, os missionários cristãos nunca nos disseram: “Agora vocês são independentes e podem tomar suas próprias decisões. Confiamos em vocês.” Isso aconteceu na África, na China, mas não com os judeus. Portanto, o melhor seria agora que eles voltassem para casa. Acredito que podemos apresentar Jesus ao nosso povo de maneira bem eficiente.

Por outro lado, eu gostaria muito que os cristãos viessem a Israel! Acho absolutamente necessário que os cristãos venham visitar o país e conheçam a terra, aprendam com os crentes judeus, com eles se confraternizem e lhes prestem apoio político, espiritual e emocional. Isso é realmente necessário e importante. O amparo dos cristãos a Israel é de suma importância, mas é algo bem diferente de enviar missionários que dominam os crentes locais, em vez de tratá-los como irmãos em Yeshua.

Todas as congregações judaicas estão crescendo, não só numérica (agora há cerca de 100 congregações) mas também espiritualmente, e a unidade está aumentando entre todos os crentes judeus no país. Creio que isso é só o começo. Quando me tornei crente em 1962, havia menos de 50 crentes judeus. Hoje, consideramos que há pelo menos 7 mil. É um tremendo crescimento! Se esse ritmo continuar nos próximos 20 anos, teremos milhões de crentes judeus em Israel!
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Palestina X Israel: o Holocausto dos Filhos de Ismael

Palestina X Israel: o Holocausto dos Filhos de Ismael
Nota:
Artigo escrito pelo bispo Robinson Cavalcanti para a revista Ultimato 194, em 1988. O mesmo texto também foi publicado no livro “A Utopia Possível”, em 1993. Cavalcanti faleceu em fevereiro de 2012. 

***

Artigo de Robinson Cavalcanti para a revista Ultimato (1988)O mundo tem assistido consternado às cenas de violência envolvendo tropas israelenses e civis palestinos nos territórios ocupados. A brutalidade mostrada pela televisão causa perplexidade em muitos cristãos expostos, por tantos anos, a uma visão unilateral sempre favorável à causa sionista: os bons judeus versus os maus árabes.

Como é sabido, com a Guerra dos Seis Dias (1967), Israel anexa a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, onde vivem mais de um milhão de palestinos. Essas regiões permanecem sob governo militar e lei marcial, com seus habitantes sujeitos a condições subumanas, privados de direitos e transformados em mão de obra barata, como os guetos negros da África do Sul. Qualquer pessoa pode ser detida sem justificativa e por tempo indeterminado, sem poder ver o seu advogado. Todos são suspeitos do crime de querer se ver livres dos seus ocupantes. Segundo a Cruz Vermelha e a Anistia Internacional, o uso de torturas é uma prática habitual, e os presos são julgados por tribunais militares judeus. Ao mesmo tempo, grupos extremistas, como o Gush Emunin, vão erigindo, à força, povoamentos israelitas.

Enquanto isso, o Estado de Israel propriamente dito é uma sociedade estratificada e desigual, onde a minoria de judeus brancos askhenazitas detêm o controle do governo e da economia, com a massa dos judeus morenos sefarditas inferiorizada e discriminada e os árabes e drusos como cidadãos de terceira classe.

Não podemos esquecer que o sionismo significou um revés para a Igreja Cristã naquela região. Em 1948, 50% da população de Jerusalém era cristã, bem como 90% da população de Belém. O Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém data de 451 d.C. Discriminados como cristãos e perseguidos como árabes, a maioria dos cristãos deixou o país, não restando hoje mais do que 10%. Desde 1967, 100.000 cristãos árabes emigraram. A postura unilateralmente pró Israel dos cristãos ocidentais é um obstáculo à evangelização dos árabes e deixa em situação difícil os cristãos locais.

A História registra que o pró judaísmo entre os cristãos está ligado à figura do teólogo inglês dispensacionalista John Nelson Darby (1800 82) e à disseminação da Bíblia comentada Scofield. Em 1876, foi realizada a Conferência de Niágara sobre as Profecias, com forte influência sobre os Bible College. Por um literalismo, procurou se defender um direito divino dos judeus às terras palestinas, a qualquer preço. São esses protestantes que dão as bases bíblicas para o sionismo (esse originalmente secular e nacionalista, humanista e socialista). Isso é algo totalmente estranho ao pensamento evangélico do século XVI, que nem era pré milenista nem dispensacionalista. Lutero e Calvino tomariam um susto com essas interpretações.

O Dr. Marvin Wilson, do Gordon College, denuncia que os fins não justificam os meios, que o Israel de hoje nem é uma teocracia nem o Reino de Deus, e que não pode ser julgado por outro padrão de moralidade diferente das outras nações. Para o Dr. Anthony Compolo, do Easton College, o dispensacionalismo nos fez entusiastas do desalojamento dos palestinos e indiferentes às injustiças praticadas contra aquele povo. E o Dr. Wesley Brown, presidente do Seminário Batista Americano do Oeste, na Califórnia, afirma que Deus está ao lado dos oprimidos, e no caso do conflito árabe israelense não há dúvida de que os palestinos árabes são os oprimidos, e que a maioria das interpretações dispensacionalistas é amplamente baseada numa hermenêutica inválida.

Quanto ao terrorismo palestino, é bom lembrar que Israel foi construído à base do terrorismo judeu contra os ocupantes ingleses e as populações árabes. Segundo o historiador menonita canadense Dr. Frank Epp, quatro ex Primeiros-Ministros israelenses estiveram envolvidos pessoalmente em atividades guerrilheiras ou militares para a expulsão dos palestinos. Menahem Begin (depois Prêmio Nobel da Paz), em seus verdes anos, escreveu um livro defendendo a ação terrorista e foi responsável, em 1948, pelo massacre da vila árabe de Deir Yassin, quando morreram 250 homens, mulheres e crianças. Sua organização, o Irgun, bem como a Haganah (fundada em 1920) e a Palmach, foram responsáveis por inúmeros massacres contra civis (vide Hotel Rei Davi).

Por séculos, árabes mulçumanos, cristãos, judeus e drusos viveram harmoniosamente na região, antes do retorno em massa dos judeus louros, eslavos e germânicos (estranhos para a paisagem humana da região) que migraram em massa para a Palestina em virtude do sionismo. Em 1948, a ONU concede a 1/3 de judeus o direito de mandar em 2/3 de árabes.

Não devemos temer a defesa da justiça com medo de sermos acusados de anti semitas. Os cristãos sentem a consciência culpada do anti semitismo da Inquisição e do Nazismo, sentem simpatia pelos “kibutsin” e pelos “moshavim”, mas não podem negar sua soteriologia histórica, que nos ensina que só há um caminho para Deus inclusive para os judeus que é Jesus Cristo, e que o Povo de Deus hoje é o Corpo de Cristo, a Igreja, chamada a exercer um ministério de reconciliação e a lutar pelos valores do Reino.

Não podemos sucumbir à tentação militarista e intolerante, genocida dos judeus, nem nos esquecer que os árabes também são filhos de Abraão, sob promessa de bênção de Deus, e que ali está presente a maior parte dos cristãos, nossos irmãos. Por dois Estados soberanos: Israel e Palestina. Por um estatuto internacional para Jerusalém.
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O sionismo cristão evangélico, a igreja palestina e a comunicação do amor de Cristo aos muçulmanos

O sionismo cristão evangélico, a igreja palestina e a comunicação do amor de Cristo aos muçulmanos
 
O salão de conferências do Hotel Intercontinental de Belém, a cidade onde Jesus nasceu, fervilhava com cerca de quinhentos cristãos provenientes de mais de vinte países. E ali estava eu, em uma das mais importantes cidades da Cisjordânia (incrustada no Estado de Israel e com uma população majoritariamente muçulmana), participando de um “transcendente encontro” organizado pela milenar, outrora grande, mas hoje pequena, igreja palestina. Era o segundo dia da conferência e eu ainda estava tentando digerir tudo o que estava vendo e escutando.

À medida que a conferência se desenvolvia, comecei a ter o sentimento de que talvez a igreja evangélica ocidental (a) seja parcialmente responsável pelo sofrimento que os cristãos palestinos vivem há mais de cinco décadas e (b) esteja contribuindo para criar barreiras para a comunicação do amor de Cristo aos muçulmanos da Palestina e de todo o mundo.

É provável que em um primeiro momento esta afirmação possa parecer muito radical, mas, nas próximas linhas, tentarei explicar por que faço estas afirmações.

Quando o Estado de Israel foi formado, em 1948, milhares de palestinos árabes (muçulmanos “e” cristãos) foram expulsos das terras onde eles e seus ancestrais viviam há mais de mil anos. Isto fez com que campos de refugiados palestinos (volto a insistir: compostos por muçulmanos “e” cristãos) fossem formados em diferentes países do Oriente Médio e na própria Palestina. Estes campos existem até hoje. As pessoas que neles vivem são consideradas cidadãs de segunda classe, sem esperança e sem perspectiva de um futuro melhor. Milhares de árabes palestinos, assim como de judeus, já morreram como resultado das tensões causadas por esta situação. A cada semana, mais mortos (e famílias dilaceradas) são adicionados à lista.

Esta realidade faz com que os muçulmanos em geral, mas particularmente os que vivem no Oriente Médio e Norte da África, alimentem uma forte animosidade contra os judeus e cristãos de todo o mundo.

É claro que, independentemente da nossa posição teológica, não é difícil entender a razão de tanta animosidade em relação aos judeus. Porém, por que esta animosidade (para não dizer ódio) se estende aos cristãos? Em parte por causa das convicções e ações de cristãos evangélicos sionistas.

Para entendermos melhor o que isto significa, é importante primeiramente definirmos dois termos:

1. Sionismo: é “o movimento nacional para o retorno do povo judeu à sua pátria e a retomada da soberania judia na Terra de Israel. Desde o seu início o sionismo advogou objetivos tangíveis e espirituais. Judeus de todas as tendências -- esquerda, direita, religiosa e secular -- formaram o movimento sionista e, juntos, trabalharam para alcançar os objetivos traçados”.1

2. Sionismo cristão evangélico: é o apoio dos cristãos evangélicos “à causa sionista... Alguns cristãos creem que o retorno dos judeus a Israel está em consonância com a profecia bíblica”.É importante salientar que para tais cristãos Deus continua a tratar o povo de Israel como “a menina dos seus olhos”. A formação do Estado de Israel (com a extensão geográfica mencionada no Antigo Testamento) e a reconstrução do Templo em Jerusalém são condições “sine qua non” para a volta de Cristo.

Portanto, o sionismo cristão evangélico é um sistema teológico que não apenas reconhece o direito dos judeus de terem uma pátria (muitos cristãos reconhecem este direito), mas que vai além e acrescenta a isto uma complexa interpretação das profecias do Antigo Testamento, aplicadas ao moderno Estado de Israel.

E qual é o resultado prático desta interpretação literal? Um apoio incondicional de milhões de cristãos evangélicos ocidentais a praticamente todas as decisões e ações políticas do governo israelense.

Isto não deveria nos surpreender, já que é um desenrolar lógico do sionismo cristão evangélico. Se o Estado de Israel tem o mandato divino de controlar toda a Palestina e reconstruir o Templo em Jerusalém, e com isto criar as condições necessárias para a volta de Cristo, então devemos dar todo o apoio necessário para o governo israelense. Se nós apoiarmos o povo de Deus (isto é, Israel), nós seremos abençoados!

Com isto:
1. O que às vezes se assemelha a uma limpeza étnica de árabes palestinos (muçulmanos e cristãos) é interpretado como se fosse a implementação da vontade de Deus e o cumprimento de profecias.

2. O muro de cerca de 10 metros de altura e de quilômetros de extensão, que separa Belém e outras cidades da Cisjordânia de Israel, e que traz consequências políticas, econômicas e sociais irreparáveis para os árabes palestinos(muçulmanos e cristãos), é visto como um mal necessário.

3. Cristãos sionistas de todo o mundo enviam milhões de dólares para Israel, para sustentar a criação de assentamentos considerados ilegais pelas Nações Unidas, acirrando a violência entre árabes e judeus.4 5

4. Igrejas evangélicas no Ocidente desenvolvem liturgias com aparatosos componentes do judaísmo vétero-testamentário, produzindo uma quase idolatria aos costumes e tradições judaicos.

5. Poderosas organizações cristãs ocidentais fazem um forte “lobby” junto aos seus governos para que aceitem a violenta repressão que o governo israelense faz sobre os árabes palestinos (muçulmanos e cristãos).6

6. Várias organizações cristãs apoiam os esforços de grupos ortodoxos radicais judeus para a reconstrução do Templo em Jerusalém, o que implicaria a destruição da Mesquita de Omar e o Domo da Rocha, com resultados catastróficos.

É bem possível que a esta altura alguns já estejam se perguntando: por que repetir tantas vezes a expressão “muçulmanos e cristãos”? A razão é simples: geralmente esquecemos que, diferentemente do que acontece em alguns países muçulmanos, na Palestina existe uma igreja oficial e historicamente reconhecida e os cristãos palestinos também estão sofrendo como resultado das ações do Estado de Israel. Há uma igreja ancestral na “Terra Santa”, que está minguando não necessariamente por causa da perseguição dos muçulmanos, mas, principalmente, como resultado da política israelense, que tem o apoio de milhões de cristãos ocidentais.

Além disso, muçulmanos de todo o mundo estão acompanhando o desenrolar destes acontecimentos e chegam à conclusão de que há uma nova cruzada sendo desencadeada contra os seguidores de Maomé.8 Isto traz um acirramento e polarização das posições, fazendo com que seja cada vez mais difícil para um cristão apresentar-se a um muçulmano e dizer que está trazendo as boas novas do amor de Deus em Cristo Jesus.

Será que o sionismo cristão evangélico está nos ajudando na tarefa de anunciar ao mundo, e particularmente aos muçulmanos, que Cristo é a nossa paz? Será que com o apoio incondicional que muitos de nós temos dado ao Estado de Israel não estamos construindo enormes barreiras para que os muçulmanos entendam que a mensagem que Cristo trouxe com a nova aliança é uma mensagem de reconciliação? Será que, como cristãos, não podemos amar o povo judeu e orar pela paz de Jerusalém, sem que isto nos leve a sermos condescendentes com os abusos cometidos pelo governo israelense?

N.B.: O autor participa ativamente do trabalho de várias organizações missionárias brasileiras e internacionais. Porém, as ideias expressadas neste artigo são de sua exclusiva responsabilidade e não representam, necessariamente, o posicionamento teológico das organizações com as quais ele está envolvido.

Notas
1. http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Zionism/zionism.html
2. http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Zionism/christianzionism.html
3. https://en.wikipedia.org/wiki/Israeli_West_Bank_barrier#Effects_on_Palestinians
4. Uma das organizações que solicitam contribuições de cristãos para “adotarem” financeiramente assentamentos judeus considerados ilegais pela ONU é a Christian Friends of Israeli Communities.
5. Veja também um artigo sobre a participação dos evangélicos dos Estados Unidos no fortalecimento do atual Estado de Israel por razões teológicas: .
6. Uma destas organizações é a Unity Coalition for Israel (UCFI), que exerce forte influência sobre os membros dos partidos Democratas e Republicanos, nos Estados Unidos . Outra destas organizações, chamada Christian Coalition, investe uma parte considerável do seu orçamento de 25 milhões de dólares anuais em ações pró-Israel.
7. SIZER, Stephen. “Christian zionism”; road-map to Armageddon? Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2004. p. 234.
8. Para entender um pouco mais sobre por que os muçulmanos creem que os países “cristãos” lançaram uma nova cruzada contra os muçulmanos, veja um dos muitos exemplos disponíveis na internet

• Marcos Amado é diretor para a América Latina do Movimento de Lausanne e missionário da Sepal.

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Perspectiva Histórica e Teológica Israel x Palestina

Perspectiva Histórica e Teológica Israel x Palestina

Nas últimas semanas tem sido quase impossível ler jornais ou ouvir notícias na televisão sem se deparar com a violenta situação envolvendo palestinos e judeus e, mais especificamente, com a luta ferrenha envolvendo os islamitas do Hamas e o exército israelense. Este problema tem enormes consequências políticas e sociais não só para o Oriente Médio, mas para todo o mundo e poderia se transformar facilmente no estopim de uma grande guerra mundial. Para entendê-lo precisamos, inevitavelmente, entender um pouco da história do conflito.

Para nós, cristãos, o problema também tem uma dimensão teológica que, dependendo do nosso posicionamento, afetará a maneira como interpretamos essa situação e, consequentemente, nossa práxis missionária. Será que o que está acontecendo na “Terra Santa” é parte do cumprimento das profecias e promessas do Antigo Testamento e, portanto, os palestinos não têm nenhum direito de demandar uma parte do território? Será que a criação do estado de Israel é um dos indícios de que a segunda vinda de Cristo está próxima? Espero que, depois de ler atentamente a perspectiva histórica e teológica, você possa fazer suas próprias conclusões e atuar em conformidade com elas.




1. Perspectiva Histórica

Nossa retrospectiva começa entre os séculos 20 e 18 a.C., com a promessa de Deus para Abraão e seus descendentes. Essa promessa, ou seja, a conquista da Palestina, foi cumprida somente séculos mais tarde, ao redor do ano 1240 a.C., sob a liderança de Josué. Por volta do ano 1000 a.C. David estabeleceu seu reino em Jerusalém. Mas, em 586 a.C. o Reino do Sul deixou de existir e os judeus foram levados para o cativeiro.

Mesmo com o regresso parcial dos judeus a Jerusalém anos mais tarde, sob o comando de Esdras, a realidade é que a partir de 586 a.C. até o ano 638 d.C. (ou seja, mais de mil anos) a “Terra Prometida”, a não ser por breves intervalos de tempo, não voltou a estar sob o domínio judeu, e esteve sob o controle dos Impérios Babilônico, Persa, Grego ou Romano. No ano 70 d.C. Jerusalém, que naquele tempo então estava sob o domínio do Império Romano, foi destruída e em 135 d.C. os judeus foram expulsos da cidade e passaram a viver em diferentes partes da região. 

A Palestina passou a estar sob o domínio dos muçulmanos a partir do ano 638, quando Omar era o califa. Este domínio permaneceu até o ano 1918, exceto por alguns anos durante as Cruzadas, o que representa cerca de 1280 anos sob o domínio muçulmano. Foi a partir de então que a região passou a estar sob o Protetorado Britânico.

De 1880 em diante o número de judeus que se estabeleceram na Palestina, fugindo da perseguição antissemítica que estava havendo na Europa, começou a aumentar significativamente. Nessa época, 5% da população era composta por judeus e 95% por árabes palestinos. Quando os árabes perceberam as intenções a longo prazo dos judeus, passaram a ter uma atitude mais violenta.

Em 1917, na Inglaterra, foi assinada a Declaração de Belfour, em que se reconhecia o direito dos judeus a terem sua própria pátria, com a ressalva de que em nenhum momento os árabes palestinos poderiam ser prejudicados pelas concessões feitas aos judeus.

A violência entre os dois grupos continuou em aumento até que, em 1947, a Organização das Nações Unidas aprovou um plano que dava 52% das terras para os judeus (que então representavam 31% da população e possuíam legalmente apenas 6% das terras) e 48% para os árabes (que representavam 69% da população). 

Em 1948 o Estado Judeu foi estabelecido. Os árabes, inconformados com o que eles entendiam ser uma grande injustiça, se levantaram contra os judeus, foram derrotados e, no processo, perderam ainda mais território. Como resultado desta situação, ainda hoje há 3,5 milhões de palestinos refugiados em diferentes países do Oriente Médio.

Este acontecimento foi visto por muitos cristãos como o “início do fim” e o cumprimento de promessas bíblicas. O povo judeu precisava de um território próprio, depois de sofrer intensamente o holocausto levado a cabo pelos nazistas. O problema era que a Palestina já era habitada pelos árabes palestinos há mais de mil anos, ou seja, há muito mais tempo do que o Brasil foi descoberto! (Podem imaginar os brasileiros atuais sendo expulsos de suas casas e do Brasil, para que os habitantes originais regressem às suas terras?). O mundo tinha sido compreensivelmente simpático aos judeus que sofreram terrivelmente, mas ignorou os direitos e o clamor do povo Palestino, que vivia naquele lugar há vários séculos.

Seiscentos e cinquenta mil muçulmanos e 55 mil cristãos palestinos foram expulsos de suas casas. O novo governo de Israel destruiu mais de 400 povoados palestinos. Desde então milhares, principalmente palestinos, morreram em meio às intermináveis batalhas. Milhares de árabes (muçulmanos e cristãos) continuam sem uma casa, sem uma pátria. Anos atrás conversei com um cristão palestino, que vive na cidade de Belém, onde Jesus nasceu, e ele me contava os sofrimentos dele e da sua família para a sobrevivência diária.

Os milhões de muçulmanos em todo o mundo olham esta situação e se perguntam: por que os governos ocidentais (que são considerados pelos muçulmanos como governos cristãos) não fazem algo para solucionar esta injustiça? Por que durante a Guerra do Golfo as potências mundiais reagiram rapidamente para liberar o Kuwait (país que possui muito petróleo e, portanto, o mundo tem muitos interesses comerciais ali) e há 50 anos não resolvem o problema entre Israel e o povo Palestino? É claro que o povo e as autoridades palestinas cometeram erros, e parte da responsabilidade pela situação atual recai sobre eles. No entanto, eu não tenho nenhuma dúvida de que os atentados terroristas que são frequentemente perpetrados no Ocidente e a situação tensa que perdura no Iraque, Paquistão, Afeganistão, Irã e Gaza estão intimamente relacionados com esta situação. 



2. Perspectiva Teológica


De acordo com Chapman, quando o tema está relacionado ao conflito Judeu-Palestino, todos os cristãos se encaixam em uma de duas categorias: os dispensacionalistas/“restauracionistas” e os que defendem a Teologia do Pacto.

No primeiro grupo estão aqueles que acreditam que a restauração da terra aos judeus é parte do plano de Deus, um cumprimento das profecias e promessas do Antigo Testamento. A promessa feita a Abraão ainda é válida e deve ser interpretada literalmente. Os judeus são detentores do direito, dado por Deus, de possuir a terra e a criação do Estado de Israel com o retorno dos judeus à terra prometida mostra que a Segunda Vinda de Cristo é iminente. Sob este ponto de vista tudo o que está acontecendo hoje naquela região do mundo é parte do plano de Deus de abençoar seu povo, que culminará com um grande conflito e a Segunda Vinda. 

Já os que defendem a Teologia do Pacto crêem que

"O Pacto com Abraão e todas as promessas e profecias do Antigo Testamento devem ser interpretadas sob a luz da chegada do Reino de Deus em Jesus; o Antigo Testamento deve ser lido através das lentes do Novo Testamento. Devido ao fato de que as profecias e promessas do Antigo Testamento foram cumpridas na chegada do reino em Jesus, o regresso dos judeus à Terra Prometida e o estabelecimento do Estado de Israel não tem nenhum significado teológico especial.2"

Em prol dos que defendem esta posição Chapman3 argumenta que Jesus teve pouco, ou nada, a dizer sobre a restauração de um reino terrestre, e que não há nada no Novo Testamento que sugira que os discípulos e apóstolos, depois da ressurreição e ascensão de Cristo, tenham tido outra expectativa que não fosse "uma herança reservada nos céus”4, ou a “Jerusalém celestial”5, ou ainda a falta de necessidade de um templo em Jerusalém para que houvesse adoração verdadeira.6

Alguns dos que se identificam com o primeiro grupo muitas vezes concluem que, como o que está acontecendo é parte do plano de Deus, os Palestinos devem ser vistos como inimigos, sem nenhum direito à Terra Prometida e, por isso, a mão de Deus está pesando sobre eles. Ao fim e ao cabo, além de palestinos, eles são muçulmanos (esquecendo-se que uma minoria importante de árabes palestinos é de cristãos)!

Já os que se identificam com a segunda posição concluem que tanto os palestinos como os judeus erraram e, portanto, “carecem da glória de Deus”. Consequentemente, como cristãos, o que resta a ser feito é denunciar as injustiças de ambos os lados e apresentar-lhes o Evangelho da Reconciliação.

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um... E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto... Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da familia de Deus...” Efésios 2.14-19.


• Marcos Amado é Diretor do Movimento de Lausanne para a América Latina, Missionário da Sepal e recentemente criou o Centro de Reflexão Missiológica Martureo


Notas
1. Os dados para esta resenha histórica foram obtidos no artigo escrito por Colin Chapman, “Israel and Palestine: Where is God in the Conflict?”, Redcliffe Lectures (manuscrito não publicado), 2005, e do livro escrito por Christine A. Mallouhi, Waging peace on Islam (Monarch Books).
2. Chapman, “Israel and Palestine: Where is God in the Conflict?”, 9.
3. Chapman, “Israel and Palestine: Where is God in the Conflict?”, 11.
4. 1 Pedro 1.3-5.
5. Hebreus 12.24
6. João 4.21-24.
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